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Livros perdidos, nunca mais!

9 de novembro de 2008 - 8:37 am

Livros, livros e mais livros!

Na casa em que Ernest Hemingway viveu em San Francisco de Paula, Cuba, a quantidade de livros é tão grande, que eles estão presentes até mesmo no banheiro. Certa vez, o escritor australiano Peter Carey revelou que sempre que comprava um livro novo se via obrigado a um torturante exercício: de qual volume teria de se desfazer para abrir espaço em seu apartamento para a nova aquisição? Com Sérgio Buarque de Holanda, a situação não era muito melhor: tinha tantas obras em sua biblioteca pessoal, que sua esposa em determinado momento passou a proibi-lo de comprar qualquer livro. O sociólogo não pestanejou: desenvolveu um astucioso sistema  para contrabandear os volumes para dentro de casa. (Fica a dica do documentário Raízes do Brasil, de Nelson Pereira dos Santos, em que, se não estou muito enganado, o próprio Sérgio Buarque conta essa e muitas outras histórias impagáveis.)

É um drama bastante comum para quem sofre do delicioso mal da bibliofilia. Além de ler (muito) e falar (muito) sobre livros, ainda sentimos a necessidade incontrolável de tê-los por perto. Só que um belo dia, eles sorrateiramente já ocuparam todas as estantes e prateleiras disponíveis, deitados, em pé, às vezes socados, coitados. Espalham-se pelo quarto, em pilhas ao lado da cama, em cima da mesa; ocupam os móveis da sala, arriscam-se pela cozinha, ensaiam um avanço por todos os cantos livres da casa. A não ser que você possua uma memória prodigiosa, nesse momento será muito difícil dizer: onde está aquele romance russo que eu nunca consegui terminar? Ou: quantos livros de literatura latino-americana eu tenho mesmo? Para não falar na constrangedora situação de chegar em casa feliz da vida com aquela obra que você sempre quis adquirir e alguns dias depois, no meio de uma faxina, descobrir que você já a havia comprado fazia um bom tempo…

Se você está lendo este post com um sorriso no canto da boca, meneando a cabeça em sinal afirmativo, como quem diz “sei muito bem do que você está falando”, talvez sua coleção também tenha saído do controle. Antes de entrar num embate derradeiro do tipo “ou eles ou eu” e decidir que os livros ficam e você sai, experimente o LibraryThing.

O LT é um programa on-line de catalogação e organização de livros, que permite ainda estabelecer contato com todos os usuários que possuem obras em comum com você. Finquei bandeira por lá faz mais ou menos um mês, e posso garantir: além de bastante útil, o LT pode ser também muito divertido. Quanto aos livros, você pode cadastrar todos os dados (autor, editora, ano, edição, páginas, capa, ISBN etc.), bem como os assuntos de que trata. Depois, você pode organizar sua coleção como quiser e fazer qualquer tipo de busca — tudo depende do volume de dados que você inserir. Quer saber quais os livros da Clarice Lispector você tem? Um clique. O mais interessante vai ser quando você procurar saber quem mais possui A hora da estrela. Você vai encontrar italianos fanáticos por L’ora della stella, franceses encantados com L’heure de l’étoile, e até suecos apaixonados por Stjärnans ögonblick

Além de dar ordem na sua coleção, você ainda pode cadastrar suas livrarias e bibliotecas prediletas (e permitir que qualquer usuário localize-as com o Google Maps), escrever resenhas, montar grupos de discussão, acompanhar o desenvolvimento das bibliotecas de seus amigos. Enfim, o que o LibraryThing acaba oferecendo é um ponto de encontro global para todos aqueles que vêem no livro nada menos que um objeto de devoção.

– Ω –

Escrito por Ronoc. Post também publicado no Blog da Cultura.